O papel do museu nacional no século XIX

Bom dia caros leitores!

Compartilho com vocês um excelente artigo sobre o papel do Museu Nacional do Rio de Janeiro no século XIX.

Este artigo de Magali Romero Sá e Heloísa Maria Bertol Domingues foi publicado originalmente na Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência (n. 15, 1996), e faz parte de um projeto maior que busca resgatar a história e a memória do museu nacional desde sua fundação.

A leitura é bem interessante, pois mostra o papel que o museu tinha no século XIX como espaço para difusão de novas ideias, experimentos, divulgação científica e ensino de ciências.

Boa leitura!

Segue link para acesso ao artigo: http://www.mast.br/arquivos_sbhc/156.pdf

 

Afinal de contas, o que é história da ciência?

Antes de iniciarmos as postagens específicas à qual este blog irá se destinar, acredito que os caros leitores poderão estar se perguntando:

Afinal, o que é história da ciência?

Para responder a esta questão, retirei um excerto do livro “O que é história da ciência”, de Ana Maria Alfonso-Goldfarb (páginas 7-9).

Aproveito neste espaço para referenciar o livro àqueles que buscam os primeiros conhecimentos sobre esta fascinante área:

ALFONSO-GOLDFARB, A. M. O que é história da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1994. 93p.

O livro está disponível para leitura on-line no seguinte endereço:

http://pt.scribd.com/doc/83027674/ALFONSO-GOLDFARB-Ana-Maria-O-que-e-historia-da-Ciencia (Acesso em 08 de maio de 2013)

Podendo ser adquirido também nas principais livrarias (Cultura: R$ 24,00; Saraiva: R$ 22,00) ou sebos (no estante virtual por exemplo, o preço varia de R$ 5,00 a R$ 19,20).

Vamos à leitura do excerto:

(os grifos indicados foram realizados pela própria autora na edição consultada)

“Não deveria ser difícil entender do que trata a história da ciência, pois o próprio nome já parece explicar tudo. Afinal, Ciência e História são formas de conhecimento sobre as quais quase todos têm alguma intuição.

Você pode não saber nada sobre ciência, mas compreende quando alguém diz que a cura para tal e tal doença está sendo cientificamente estudada. Ou que não existe uma teoria científica para provar a telepatia. Enfim, mesmo não sabendo dizer o que é ciência, você acredita que todos os termos a ela relacionados – científico (a), cientificamente, cientista, cientificismo… – têm a ver com algo objetivo, sério, exato, e quase sempre importante e verdadeiro.

Raciocínio semelhante sempre acontece quando alguém pergunta o que é história. Embora na cabeça das pessoas existam ideias muito diferentes sobre história, também, como no caso da ciência, todos acreditam saber por intuição o que seria história. Você pode confundir Alexandre Magno com Carlos Magno. Mas, pelo menos, você deve saber que esses homens são personagens históricas, que existiram de verdade e, portanto, diferentes das personagens de ficção.

[…]

Não basta juntar história e ciência para que o resultado final provavelmente seja história da ciência. E isso não acontece só porque a junção ou a combinação de duas coisas diferentes quase sempre produz uma terceira com características próprias, embora se pareça com as que lhe deram origem. Isto é verdade para o caso de você, seu pai e sua mãe; para a planta com enxerto do jardim; e também para a ligação entre teorias. Mas, no caso da História da Ciência, a complicação é ainda maior, porque a História da ciência, que se desenvolveu no interior da ciência, sempre esteve mais próxima da filosofia (lógica, epistemologia, filosofia da linguagem), do que da história. Para falar a verdade, até trinta ou quarenta anos atrás, a história da ciência tinha bem pouco de histórico (dos métodos e dos procedimentos da história). Quando, finalmente, a história da ciência passou a usar para valer métodos e procedimentos próprios da história, ela já havia se desenvolvido muito, com defeitos e qualidades próprias.

A história da ciência ficou assim durante algum tempo, como uma estranha no interior dos estudos históricos. Aos poucos foi assimilando, filtrando e adaptando elementos da história, que combinava com outros elementos da sociologia, da antropologia e de várias ciências humanas. A entrada desses novos elementos no corpo da história da ciência deu também um novo saber aos componentes da ciência e da filosofia que de longa data combinavam-se para formar essa área de estudos. O resultado que temos hoje é uma história da ciência complexa e com muitas faces, sem com isso ter se transformado numa colcha de retalhos.

Métoos e processos foram criados para que a história da ciência pudese adaptar, de maneira harmoniosa, esses conhecimentos variados vindos das diversas áreas. Formou-se assim um campo original de pesquisa com vida própria e tudo o mais, e, ao mesmo tempo, em constante comunicação com essas áreas que emprestaram seus conhecimentos à história da ciência”

Após a leitura, podemos perceber que a história da ciência como campo do conhecimento busca articular diferentes saberes para realizar uma análise crítica da ciência, do modo de se fazer ciência e de como a ciência é apresentada ao longo dos tempos.

Nesse sentido, realizar história da ciência é apresentar informações de maneira contextualizada, preocupando-se não apenas em apresentar fatos científicos, mas, de forma concomitante, valores sociais, políticos e econômicos intrínsecos ao processo.

Dessa maneira, pretendo elaborar os posts a partir desta visão para que, ao término de cada leitura, você caro leitor possa por si só adquirir novas informações e processá-las em conhecimento!

Até a próxima!

Para saber mais:

Ana Maria Alfonso-Goldfarb é Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência/ PUC-SP que ajudou a criar e do qual foi coordenadora durante várias gestões. Possui formação inicial em Física (UFSCar), Mestrado em Filosofia e História da Ciência (McGill Univ. Canadá), Doutorado em História (com tese em História da Ciência – USP), Pós-doutorados e estágios de pesquisa e trabalho em centros europeus e americanos, sendo, desde 2005, Honorary Research Fellow do University College London. Foi fundadora e é Coordenadora do Centro Simão Mathias de Estudos em História da Ciência / PUC-SP, onde tem liderado equipes e grandes projetos de pesquisa, além de uma extensa rede de intercâmbios. Tem experiência na área de História da Ciência e Epistemologia, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Ciência e da Tecnologia, Política Científica, História da Química, Origens da Ciência Moderna e Ciência Medieval Árabe. Atualmente sua pesquisa está centrada na história das teorias da matéria, com foco especial na ciência inglesa do século XVII e na organização e árvores do conhecimento. Orientou e supervisionou mais de 60 trabalhos de pós-graduação entre Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, resultando em várias publicações, prêmios e demais distinções. Sua produção acadêmica é composta por mais de uma centena de publicações entre artigos em periódicos científicos, livros e capítulos de livros. É membro de várias comissões científicas nacionais e internacionais, assim como parecerista de agências de fomento e periódicos científicos. Recebeu a Medalha Simão Mathias, outorgada pela Sociedade Brasileira de Química.

(Excerto retirado do lattes)

Para visualizar o currículo completo: http://lattes.cnpq.br/7427854657719431